sexta-feira, 8 de maio de 2009

olhar


Foi no teu olhar
Que eu desvendei a linguagem do mundo.
Nele,
Vi pasma,
Tantas guerras, tantos embates,
Mas me refiz.

Doíam as visões mais atrozes
E quando os homens se devoravam dentro da sua pupila,
Eu o amava cada vez mais.

Bem lá no fundo
Um poema de saudade sempre se compunha
E quando eu o lia,
Não faltavam letras e versos que me acusassem e se rebelassem contra mim.

E eu, sem quase nenhum esforço
A tudo decifrava e sem saber como
Compreendia a sua doce visão da vida.
Não perguntava nada a seus lábios
Para não lhe invadir o íntimo

mas na hora
Das tuas mais duras revoltas
O seu olhar refugiando-se em vão em mares de pranto me entregava
Os teus suplícios
Dos quais eu participava muda e submissa.

Lia dentro dele
Tudo o que você foi e no que você se tornou.
Lia folhas e mais folhas em branco
Que nós não podemos escrever juntos.

E eu via,
Através do brilho da sua retina
Todos os seus esforços,
Os seus dons, os seus santos.
Enumerei, cismada,
As suas noites de insônia, suas lágrimas secretas,
E decorei a predileta das suas músicas
E seus mais doces sonhos.

Posso assim, dizer,
Que o teu maior inimigo é o teu olhar
Que vive a lhe trair
E é o meu eterno confidente.

Posso caminhar à distância
Mas ando certa de que você jamais

será um mistério pra mim.

E enquanto o mundo existir
Lerei em teus olhos
As mais doces cantigas da vida
Que de tão ternas e suaves
Fazem tombar os homens maus
E ressuscitar os puros de coração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário